A Polícia Federal encontrou uma mensagem do então presidente Jair Bolsonaro em um grupo de WhatsApp com empresários, em junho do ano passado, pedindo para que disparassem notícias falsas com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao processo eleitoral, de acordo com uma decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, durante um voo de Brasília a São Paulo, nesta quarta-feira (22), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi intimado a depor pela Polícia Federal (PF), confirmou ter enviado a contatos uma mensagem que insinuava, sem provas, uma fraude do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições do ano passado. O texto ainda continha ataques ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A descoberta consta de um relatório da PF para prorrogar investigações contra um grupo de empresários que discutia ações para um eventual golpe de Estado em caso de vitória do à época ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra Bolsonaro nas eleições do ano passado.
Em uma das mensagens, Bolsonaro disse que o “desserviço à democracia” dos três ministros do STF que compõem o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), faz aumentar a desconfiança de que fraudes estavam sendo preparadas para as eleições. “Repasse ao máximo”, conclui ele, em caixa alta. Logo em seguida, o empresário Meyer Joseph Nigri, fundador da Tecnisa respondeu: “Já repassei para vários grupos!”.
Ao ser questionado sobre as mensagens enviadas ao grupo de empresários, Bolsonaro confirmou que enviou mensagem a um, mas que não fazia parte do grupo de WhatsApp deles.
“Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O [ministro do Supremo Tribunal Federal e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021]. Eu sempre fui um defensor do voto impresso” afirmou Bolsonaro.
O ex-presidente foi internado nesta manhã no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, para fazer exames de rotina.
“Referidos exames têm por objetivo avaliar sua condição clínica, principalmente no sistema digestivo, tráfego intestinal, aderências, hérnia abdominal e refluxo. Todos os sintomas e exames desse momento, por óbvio, decorrem do atentado contra sua vida de 6/9/18, ainda sem resolução”, escreveu em rede social seu assessor e advogado Fabio Wajngarten, em referência à facada em Juiz de Fora (MG).
A polícia vai ouvi-lo especificamente pela difusão do conteúdo associado a fake news, objeto de investigação no Supremo Tribunal Federal, para o qual pediu a Nigri “repasse ao máximo”. “Eu vou lá explicar”, disse, sobre o depoimento marcado para o dia 31.