O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é mencionado cerca de 30 vezes na decisão que levou à deflagração da operação “Contragolpe”, executada pela Polícia Federal, nesta terça-feira (19).
Para a Polícia Federal (PF), Jair Bolsonaro redigiu, ajustou e “enxugou” a chamada “minuta do golpe”, um decreto que previa a intervenção no Poder Judiciário para barrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e convocar novas eleições.
O documento contendo o planejamento operacional denominado “Punhal verde amarelo” foi impresso em novembro de 2022 pelo general Mário Fernandes no Palácio do Planalto, quando os aparelhos telefônicos dos investigados Rafael Martins de Oliveira e Mauro Cid estavam conectados a redes que cobrem o Planalto.
Bolsonaro saberia do monitoramento, em 2022, de Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive do plano envolvendo militares de elite para executar um golpe de Estado e até mesmo seu assassinato.
No dia 9 de dezembro de 2022, Bolsonaro teria se reunido com o general Estevam Cals Theófilo, então comandante do Exército Brasileiro, para articular apoio militar à execução do golpe.
As investigações da PF indicam ainda que “se verificou que mensagens encaminhadas por Mauro Cid para o general Freire Gomes, então Comandante do Exército, sinalizaram que o então presidente Jair Messias Bolsonaro estava redigindo e ajustando a minuta do ilegal Decreto golpista e já buscando o respaldo do general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, tudo a demonstrar que atos executórios para um golpe de Estado estavam em andamento”.
O despacho judicial descreve: “posteriormente [o documento foi] levado até o Palácio do Alvorada, local de residência do presidente da República, Jair Bolsonaro”. O documento afirma ainda que, a autoridade policial concluiu que “desta forma, conforme exposto, fica evidenciado que no dia 06/12/2022, no horário em que o Secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, general Mario Fernandes imprimiu o documento (18hs09min), possivelmente relacionado ao planejamento operacional da ação clandestina para prender/executar o ministro Alexandre de Moraes e assassinar o presidente e vice-presidente eleitos Lula e Geraldo Alckmin, o então presidente da República Jair Bolsonaro também estava no Palácio do Planalto”.
Golpe e mortes de Lula e Moraes
A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (19), a Operação Contragolpe, com o objetivo de desarticular organização criminosa que teria planejado golpe de Estado em 2022 para impedir a posse de Lula e prender e executar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A operação mira os “kids pretos”, que seriam militares da ativa e da reserva. Além deles, um policial federal foi preso.
- Coronel Hélio Ferreira Lima: comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, e foi destituído do cargo em fevereiro deste ano;
- Mário Fernandes: general e ex-ministro interino da Secretaria-Geral e secretário-executivo da PR. Atualmente, ele é reformado e foi assessor do deputado Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, entre março de 2023 e março deste ano;
- Rafael Martins de Oliveira: major das Forças Especiais do Exército. Acusado de negociar com o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pagamento de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília;
- Major Rodrigo Bezerra de Azevedo;
- Policial federal Wladimir Matos Soares.