Entre os mais de mil relatórios elaborados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o caos que seria a pandemia da Covid-19 no país, sobretudo na projeção do número de mortes, estão os que alertavam o governo de Jair Bolsonaro sobre a falta de oxigênio no Amazonas.
De acordo com a Folha de S.Paulo, que revelou nesta sexta-feira (28) a existência e o conteúdo dos documentos, Bolsonaro ignorou todos os alertas e continuou boicotando medidas de combate à doença e o uso da vacina.
A partir de janeiro, diz o jornal, os agentes de inteligência passaram a fazer relatório sobre a falta de oxigênio no Amazonas, além do risco de a crise se repetir em outras regiões.
Na época da elaboração do documento sobre o Amazonas, Bolsonaro dizia que o governo foi “além daquilo que somos obrigados a fazer” na crise do estado.
“A gestão dele, porém, havia ignorado alertas em série sobre a falta de oxigênio”, diz a Folha.
Os alertas também chegaram ao conhecimento do general da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que também os ignorou.
Quatro dias antes do ápice da crise no Amazonas, Pazuello também recebeu alerta sobre o problema por integrantes do governo estadual e de seus familiares que moravam em Manaus.
Sigilo
Os relatórios, que foram mantidos em sigilo durante o governo Bolsonaro, foram produzidos ao menos de março de 2020 a julho de 2021.
“O material tem folhas com carimbos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), GSI (Gabinete de Segurança Institucional) ou sem identificação de autor.”
Neles, os agentes da Abin e do GSI recomendavam distanciamento social, vacinação e desaconselham o uso da cloroquina.
Além disso, os alertas eram claros obre a possibilidade de colapso da rede de saúde e funerária no Brasil.
Também destaca a falta de transparência do governo Bolsonaro na divulgação dos dados da pandemia, além da lentidão do Ministério da Saúde para definir estratégias de testagem e combate à doença.
“A maior parte dos relatórios projeta três cenários de avanço de casos e mortes pela covid no Brasil, do mais ao menos grave, para cerca de duas semanas seguintes”, diz a matéria.