Os crimes aconteceram com o consentimento da mãe das vítimas, que foi presa nesta segunda-feira
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), com o apoio da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core-AM) e do Conselho Tutelar da Zona Leste II, deflagrou, nesta segunda-feira (6), a Operação Infância Perdida. A ação resultou no resgate de cinco irmãs, com idades de 2, 8, 10, 13 e 14 anos, que estavam sendo vítimas de abuso sexual por parte do padrasto.
Além disso, a operação levou à prisão preventiva da mãe das vítimas, que consentia com os crimes. O padrasto, Ademir Barbosa da Costa, de 50 anos, não foi localizado e encontra-se foragido.
Em coletiva de imprensa, o delegado-geral adjunto da PC-AM, Guilherme Torres, elogiou o trabalho da equipe da Depca. Ele destacou que essa operação marca o início de 2025 com resultados positivos ao resgatar as vítimas de um ambiente de maus-tratos e reforçar o comprometimento da delegacia com a proteção dos mais vulneráveis.
“O caso que divulgamos hoje envolve um casal suspeito de praticar violência sexual contra cinco irmãs. O padrasto cometia os crimes com o consentimento da própria mãe das menores. As vítimas não tiveram a proteção de quem deveria zelar por elas e, ao contrário, enfrentaram abusos vindos justamente de seus responsáveis”, explicou o delegado-geral adjunto.
Na ocasião, Torres relatou que o homem está foragido, mas as autoridades estão trabalhando para localizá-lo e prendê-lo para trazer alívio às vítimas, que atualmente estão sob os cuidados do Conselho Tutelar da zona Leste, recebendo todo o suporte necessário.
“Quero ressaltar que no ano passado foram registrados 4 mil Boletins de Ocorrência (BOs) relacionados à violência contra crianças e adolescentes. Isso demonstra a confiança da população no trabalho da polícia. Estamos empenhados em reduzir as subnotificações e investigar esses crimes cruéis”, concluiu.
Investigação
De acordo com a delegada Juliana Tuma, titular da Depca, a denúncia contra o homem foi feita inicialmente pela adolescente de 13 anos, que não suportava mais os abusos sofridos. Durante a investigação, constatou-se que além dela, as outras quatro irmãs também eram vítimas, incluindo a mais nova, de apenas 2 anos, filha biológica do suspeito.
“Verificamos que o autor cometia os abusos com a conivência da mãe das vítimas. Em um dos episódios, ela chegou a entregar a filha de 13 anos como um ‘presente’ para ele. Além disso, foi confirmado que as crianças também eram submetidas a agressões físicas e violência psicológica. Quando as vítimas relatavam a situação para a mãe, ela ignorava os pedidos de ajuda e pedia para que não aborrecessem o autor”, detalhou a delegada.
O caso gerou grande indignação e no Plantão Criminal foi solicitada uma medida protetiva em favor das vítimas e a representação da prisão preventiva do casal foi feita Ministério Público (MP). Ambas as solicitações foram deferidas pela Justiça. A operação batizada de Infância Perdida recebeu esse nome porque a denúncia foi registrada por uma das próprias vítimas que não suportava mais o sofrimento.
“O principal objetivo da ação era garantir a retirada das crianças da situação de violência e restabelecer seu bem-estar. Contamos com o apoio do Conselho Tutelar da Zona Leste e conseguimos resgatar as vítimas com sucesso. Infelizmente, o autor ainda está em local incerto, mas a mãe das crianças foi presa”, esclareceu Tuma.
A conselheira tutelar Ângela Santos, do Conselho Tutelar Zona Leste 2, explicou que a vítima que fez a denúncia estava abrigada na casa de uma família que também colaborou com a Polícia Civil ao registrar o caso.
“Nós estamos buscando identificar outros familiares das vítimas, mas por enquanto elas serão encaminhadas para um abrigo onde receberão acolhimento. Todas estão recebendo os cuidados necessários incluindo apoio psicológico para ajudar a amenizar o trauma que sofreram”, informou Ângela Santos.
Procurado
A PC-AM solicita que qualquer pessoa que tenha informações sobre a localização de Ademir entre em contato pelos números (92) 99962-2441, disque-denúncia da Depca, ou pelo 181, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM). A identidade do informante será mantida em sigilo.
Ambos responderão pelo crime de estupro de vulnerável. A mulher passará por audiência de custódia e ficará à disposição do Poder Judiciário.