A rede de varejo de roupas Riachuelo, foi duramente criticada nas redes sociais ao vender uma peça de roupa, formada por uma camisa e uma calça listradas em branco e azul, comparada por usuários aos uniformes usados pelo nazismo para aprisionar minorias em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.
A produtora cultural Maria Eugênya, utilizou sua conta do X (antigo Twitter), comentou sobre a falta de bom senso e o desrespeito à memória histórica após a rede varejista colocar o modelo à venda.
“Tendências de moda não são isoladas da estética, da semiótica, da história, e nenhuma tendência deve estar acima da decência, da memória e do respeito”, apontou.
Ainda segundo Maria Eugênya, alguns internautas chegaram a defender a loja e o modelo utilizado por eles, mas foram prontamente rebatidos pela produtora cultural. “Vieram algumas pessoas aqui defender a moda acima de qualquer coisa que retiro o que disse sobre o “obviamente”. É pior. É puro cinismo mesmo, onde colocam um uso estético acima de crítica ou memória histórica”, disse.
A produtora mostra foto da roupa e afirma na legenda: “o uso da estética violenta (holocausto, escravidão) pra gerar polêmica é uma das faces do marketing, não é novidade. Mas insisto que conhecer a história e a construção de pensamento crítico e preservação da memória falta pra muita gente ter no mínimo vergonha de achar isso aí ok.”
Ao final da postagem, Eugênya lembra: “pra quem tá falando do pijama do Getúlio: não, sequer era da mesma cor. Pra quem tá falando que eles sabem: sabem. A falta de aula de história é justamente por não terem julgamento crítico em relação ao que é imperdoável.”
Após a repercussão negativa nas redes sociais, a Riachuelo decidiu retirar a peça de suas lojas físicas e virtuais.
“Nós, da Riachuelo, prezamos pelo respeito por todas as pessoas, e esclarecemos que, em nenhum momento, houve a intenção de fazer qualquer alusão a um período histórico que feriu os direitos humanos de tanta gente.
A escolha do modelo das peças e da cartela de cores realmente foi uma infelicidade e gostaríamos de reforçar que todas as peças já estão sendo retiradas das nossas lojas e e-commerce.
Entendemos a sensibilidade do assunto, agradecemos o alerta trazido pelos nossos consumidores e pedimos desculpas a todas as pessoas que se sentiram ofendidas pelo que o produto possa ter representado”.
Riachuelo Bolsonarista
Flávio Rocha, dono da rede de lojas Riachuelo, foi um conhecido apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2018. Em 2022, no entanto, o empresário deu entrevista ao Estadão afirmando que, desta vez, era melhor “ficar na moita”.
Rocha, que até então cobrava dos empresários brasileiros o contrário, recomendou que eles ‘fiquem na moita’ com relação ao embate polarizado por Bolsonaro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eu dizia que os empresários tinham que sair da moita. Hoje eu já digo o contrário, para ficar na moita mesmo. É um momento difícil para a liberdade de expressão”, disse Rocha.